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Dólar cai 1,61% e vai abaixo R$3,73 pela 1ª vez em mais de dois meses, por Fed e BC

O dólar também recuava firmemente em relação a moedas como os pesos chileno e mexicano

O dólar fechou abaixo de 3,73 reais nesta quinta-feira, no menor nível de em mais de dois meses, reagindo à percepção de que o aperto monetário nos Estados Unidos se dará de forma gradual e à atuação do Banco Central.

O dólar recuou 1,61 por cento, a 3,7290 reais na venda, menor nível de fechamento desde 1º de setembro, quando ficou em 3,6880 reais.

"Acreditamos que aumentou a probabilidade de o Fed começar a subir juros em dezembro. Desta forma, poderia fazer altas pausadas adicionais nas reuniões de 2016, de forma bastante gradual, como tem sido sinalizado há algum tempo", escreveram analistas da corretora Guide Investimentos em nota a clientes.

A ata do Fed, divulgada simultaneamente ao fechamento do mercado à vista na véspera, mostrou que um número sólido de autoridades do banco central norte-americano defendeu alta de juros em dezembro, mas seus integrantes também debateram evidências de que o potencial de longo prazo da economia norte-americana pode ter se movido permanentemente para baixo.

As apostas no aumento de juros no mês que vem, que pode atrair para a maior economia recursos aplicados no Brasil, já vinham crescendo nas últimas semanas. Nesse contexto, investidores priorizaram a mensagem de que o aperto monetário deve ser lento, trazendo algum alento para os mercados emergentes.

O dólar também recuava firmemente em relação a moedas como os pesos chileno e mexicano.

No Brasil, a tranquilidade no mercado de câmbio veio também em função do leilão de venda de até 500 milhões de dólares com compromisso de recompra promovido pelo BC, que atende à demanda sazonal por dólares típica de fim de ano concentrada em exportadores. Foi a sexta operação desse tipo neste mês. Segundo a assessoria de imprensa do BC, o leilão não teve como fim rolar contratos já existentes.

O BC também deu continuidade, pela manhã, à rolagem dos swaps cambiais, equivalentes à venda futura de dólares, que vencem em dezembro. Até agora, a autoridade monetária rolou o equivalente a 7,664 bilhões de dólares, ou cerca de 70 por cento do lote total, que corresponde a 10,905 bilhões de dólares.

"Os leilões do BC atenuam um pouco a pressão aqui, servem como uma válvula de escape", disse o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues.

Operadores ressaltaram ainda que a relativa trégua no cenário político brasileiro ajudou o mercado brasileiro a operar com tranquilidade, após o Congresso manter nesta semana uma série de vetos presidenciais que, se derrubados, gerariam impacto bilionário nas contas públicas do país.

Segundo operadores, a decisão agrada ao mercado não só porque ajuda as finanças do país, mas também porque mostra que o governo pode ter votos suficientes no Legislativo para evitar a abertura de eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

"O governo encontrou um equilíbrio no (campo) político que está bem longe do ideal, mas que pode servir de ponto de partida. Espero que ele aproveite esse bom momento para adotar mais medidas de ajuste fiscal", disse o operador de um banco internacional.

Na quarta-feira, o governo enviou um adendo ao projeto de Lei Orçamentária de 2016 prevendo a volta da CPMF, considerada imprescindível para o cumprimento da meta fiscal, assumindo maior protagonismo na tentativa da recriação da polêmica contribuição sobre movimentação financeira após ter tentado, sem sucesso, delegar a tarefa ao Legislativo.

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