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O seu rastro digital reflete os seus valores?
Felizmente, alguns recrutadores estão começando a perceber que contratar pessoas “do pescoço para baixo” não contribui para o sucesso
Recentemente fui questionado sobre os impactos das redes sociais em processos de recrutamento de profissionais jovens. Pergunta pertinente em um cenário onde cada vez mais as pessoas ficam vidradas em seus equipamentos digitais a ponto de não interagir com quem está ao seu lado.
Para poder responder foi preciso avaliar alguns aspectos e resgatar um comportamento praticado na minha adolescência. Quem tem mais de 40 anos deve lembrar que era comum crescermos em pequenas comunidades, onde éramos próximos dos vizinhos, brincávamos juntos, íamos para a escola juntos, conhecíamos as pessoas, seu caráter, seus modos, opiniões e, principalmente, a reputação de cada colega e amigo com quem convivíamos.
Isso deixa claros traços do nosso DNA, pois o ser humano tem a necessidade de viver em comunidade. Tem sido assim desde que temos conhecimento.
Com a evolução das coisas, saímos de nossas casas e perdemos o contato com os vizinhos de bairro para vivermos em edifícios e cada vez mais nos distanciamos das comunidades. As brincadeiras mudaram, os meios se transformaram em fins, os propósitos são outros e com isso os objetivos também mudaram. Nosso DNA, porém, não sofreu alteração e continuamos necessitando da vivência em grupos.
Dessa evolução surgiu a tecnologia e por meio dela as redes sociais, que reacenderam nossa necessidade de viver em comunidade. Aplicativos de todo tipo nos bombardeiam, ávidos por nossa atenção, e nos estimulam 24 horas por dia a interagir com as pessoas, só que de forma virtual.
A motivação sempre existiu, mas faltava algo mais fácil e rápido e também com maior abrangência para estimular esse relacionamento. Tiro o meu chapéu para a tecnologia, que nesta circunstância agregou valor, e se agrega valor o sucesso é certo. Aliás, fica a dica para profissionais de qualquer área: se você quer ter sucesso, faça algo que agregue valor, mas primeiro identifique qual valor predomina no mercado que você quer atuar.
Voltando à nossa necessidade de nos relacionarmos, o fato é que virtualmente não conseguimos ter uma percepção mais concreta da reputação de uma pessoa, não conhecemos seu comportamento, não presenciamos suas atitudes em determinadas situações.
Felizmente, alguns recrutadores estão começando a perceber que contratar pessoas “do pescoço para baixo” não contribui para o sucesso e os mais evoluídos passaram a buscar profissionais com valores associados aos seus próprios ou aos da empresa.
Como os valores são determinantes para o comportamento das pessoas, recorrer às redes sociais (mais uma ferramenta de seleção) para verificar se o candidato tem alguma conduta inadequada, seja por meio de uma postagem de foto ou comentário na internet, pode ser um fator limitador no processo de seleção, mas não deixará de ser considerado pelo recrutador.
Embora não possamos assegurar que uma foto ou comentário possa dizer absolutamente tudo sobre a reputação de uma pessoa, há casos em que não restam muitas dúvidas. Um exemplo recente é do site inglês que divulgou fotos de um político local usando drogas e um sutiã, que tornou público um comportamento até então desconhecido e arruinou sua reputação.
Mas isso é um caso extremo. O pouco de experiência que tenho, adquirida como selecionador e pai de dois filhos na geração Y, me dá uma certeza: o que você posta nas redes sociais demonstra os valores pessoais que você carrega e cada vez mais as empresas buscam pessoas com valores definidos, porque eles irão impactam e fazer muita diferença no comportamento desejado para cada atividade a ser executada.
Por isso, fique atento! Não deixe de ser você nas suas relações virtuais, mas enquanto não temos uma tecla “delete”, capaz de apagar tudo ou parte do que postamos na web, saiba que o seu rastro digital diz muito sobre você. Em certos casos, até mais que você mesmo em carne e osso.
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