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Elevação da Selic sugere nova estratégia do Banco Central
A elevação da Taxa Selic, para 11,25% ao ano, sugere uma mudança de estratégia do Banco Central do Brasil na política anti-inflacionária
De acordo com o professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Pedro Raffy Vartanian, “a elevação inesperada da taxa básica de juros sinaliza que o Banco Central tem como objetivo fazer com que a inflação convirja para o centro da meta de uma forma mais acelerada em detrimento da política anterior de um processo de convergência gradual”.
Para Vartanian, a elevação da taxa de juros para evitar uma aceleração ainda mais significativa dos preços é positiva, mas a interrupção do ciclo de alta em maio e a consequente retomada alguns meses depois torna o comportamento futuro da taxa de juros mais imprevisível e ocorre em um período cercado de incertezas em relação ao comportamento dos preços em 2015.
Alta da Selic indica prudência
“Aumento da Selic surpreende e indica prudência do Copom frente a possibilidade de flexibilização dos preços administrados”, afirma o professor universitário e articulista Reginaldo Gonçalves
Embora a inflação esteja fora do centro da meta e possa estourar o limite de 6,5% ao ano, como indica o IPCA-15, o aumento da taxa Selic para 11,25% ao ano não era esperada pela maior parte dos analistas. “A economia está estagnada e não há perspectivas de reversão dos indicadores econômicos ainda neste ano. Diante disso, o Copom arriscando uma possibilidade de maior estagnação do setor industrial aumentou a taxa Selic nos patamares atuais. Novas manobras poderão ser efetuadas proximamente para conter a inflação, mas, os riscos de aumento da taxa de juros sem uma contrapartida do governo poderá prejudicar ainda mais o mercado, mesmo com um cenário ainda muito complexo”, pondera Reginaldo Gonçalves, professor do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), em São Paulo. Para ele, qualquer medida de controle da inflação terá de ser conjugada com outros elementos do cenário econômico, não somente com o aumento da taxa selic em que corremos o risco de haver maior estagnação da economia e perda de competitividade. Vários fatores deverão ser analisados principalmente com o risco dos ajustes dos preços administrados, os oscilantes níveis de confiança do mercado e a necessidade de melhorar o custo Brasil.
Associação Paulista de Supermercados (APAS):
Elevação dos juros evidencia preocupação com a inflação
A Associação Paulista de Supermercados (APAS) avalia que a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil em elevar os juros básicos da economia, a taxa SELIC, em 0,5 pontos percentuais, atingindo 11,5% ao ano, reflete a preocupação com uma inflação mais elevada e persistente no cenário econômico atual.
A decisão pela elevação não foi unânime, já que, dos oito integrantes, cinco votaram a favor da elevação e três votaram pela manutenção dos juros. A nota divulgada pelo Banco Central, após a decisão, expressa a cautela no que diz respeito à inflação.
A elevação vem no sentido de sinalizar a busca pelo controle da inflação, mas não é possível prever até que ponto este processo desinflacionário trará impacto no crescimento econômico brasileiro para 2015. A preocupação é que esta alta dos juros traga um recuo da inflação, mas sob a pena de um crescimento por mais um ano abaixo do esperado.
FecomercioSP aprova aumento da Selic para 11,25%
Para a FecomercioSP, a decisão foi correta, pois a Entidade não está plenamente convencida de que o risco do IPCA ficar acima da meta tenha sido realmente eliminado. Na análise da Federação, o IPCA de 2014 deve fechar muito próximo do teto da meta (ao redor de 6,5%), porém, o mais importante é verificar se a inflação está em trajetória de queda.
Também é importante ressaltar que, passado o período eleitoral, a volatilidade de mercado e os ânimos devem se acalmar, facilitando para o Banco Central conter especulações e momentos de pânico. Outro sinal é a ausência de descontrole cambial, o que tornaria mais complexo o trabalho do Banco Central no combate à alta de preços.
Ao elevar a Selic em 0,25%, a autoridade econômica demonstra agir com prudência, o que a Entidade considera positivo. Além disso, o governo sinaliza que já compreendeu as preocupações dos mercados, dos investidores e dos analistas e indica que vai promover mudanças na condução econômica, conforme previa a FecomercioSP.
Entre as mudanças esperadas está o aumento da rigidez com as contas públicas, fator fundamental para combater a inflação sem ser necessário elevar mais a taxa de juros.
A Federação considera que a coordenação harmoniosa das políticas monetária e fiscal seja a melhor solução de combate à inflação.
FIRJAN pede nova postura no campo fiscal para recuo efetivo da inflação
“A economia brasileira passa por um período de baixo crescimento, piora da inflação, erosão do quadro fiscal e aprofundamento do déficit externo. Em especial, é preocupante a trajetória futura de inflação, levando em conta a necessidade de correção dos preços administrados. No momento presente, já convivemos com inflação e juros elevados, a despeito da atividade fraca. Os desequilíbrios são inúmeros e o Sistema FIRJAN considera que a solução não passa por mais juros. Particularmente, é condição necessária uma nova postura no campo fiscal, com retorno à transparência e diminuição dos gastos públicos de natureza corrente, permitindo um recuo efetivo da inflação. Só assim voltaremos a ter um ambiente econômico mais saudável, com crescimento sustentável, inflação dentro da meta e juros em queda.”
Associação Comercial de SP:
O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, comentou a decisão do Copom desta quarta-feira (29/10/14):
“O aumento da taxa Selic revela que predominou, na reunião do Copom, a preocupação com a inflação, apesar do baixo nível da atividade econômica. Isso poderá contribuir para uma desaceleração ainda maior da atividade econômica. O que se espera, agora, é que o governo anuncie um ajuste fiscal crível e rigoroso que permita ao BC reduzir novamente os juros em sua próxima reunião”, afirma Rogério Amato, que também é presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) e presidente-interino da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil).
Skaf: A elevação da taxa de juros é uma ameaça ao emprego
A economia está estagnada, o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá pouco acima de zero. A alta da taxa Selic não só impede qualquer tipo de retomada da atividade econômica no curto prazo, como também derruba ainda mais a confiança de empresas e consumidores, fator este preponderante para retomada futura, pois sem confiança não há investimento. Para 2014, por exemplo, a Fiesp e o Ciesp projetam forte recuo em cerca de 7% para o investimento.
"Colocar toda a responsabilidade do combate à inflação na taxa de juros vem se mostrando uma estratégia equivocada, uma vez que está pondo em risco o maior patrimônio da economia brasileira atual, que é o emprego", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a geração líquida de empregos formais mostrou contração em torno de 37% entre janeiro e setembro deste ano frente ao mesmo período de 2013, a queda mais expressiva desde 2009. A indústria paulista já fechou 38 mil postos de trabalho este ano.
Como se não bastasse, a inflação está estourando o teto da meta. "Está cada vez mais evidente que o modelo atual se esgotou. O Brasil precisa urgentemente de uma nova política econômica, baseada no controle do gasto público, para que possamos obter baixa inflação e alto crescimento econômico", conclui Skaf.
Força Sindical:
Taxa Selic frustra expectativas dos trabalhadores
Elevar a taxa significa que o governo continuará usando os juros altos para conter a inflação (o IPCA é estimado em 6,45% este ano), sacrificando o crescimento da economia e o PIB (Produto Interno Bruto, estimado em 0,27%).
Os dados acima demonstram que o aperto monetário reduziu um pouco a inflação, mas gerou um impacto negativo expressivo no nível da atividade econômica. Esta situação é ruim para os trabalhadores, porque sem crescimento econômico sustentado são obrigados a adiar os planos de ter empregos de qualidade, com bons salários e que proporcionem boa qualidade de vida. Esperamos que, nestes próximos anos, o governo consolide, definitivamente, a política econômica orientada para o desenvolvimentismo.
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