A tendência de ajuste no quadro de funcionários na indústria de transformação, com demissões e desligamentos, cresceu em junho, revelou a Sondagem da Indústria de Transformação divulgada nesta segunda-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). O indicador de emprego previsto em junho foi de 94,8 pontos, o pior resultado desde maio de 2009, quando atingiu 94,3 pontos.
O indicador de emprego previsto mostra o ímpeto dos empresários da indústria em contratar ou demitir, sendo que resultados abaixo de 100 pontos indicam que há mais empresas dispostas a desligar funcionários do que contratar.
De acordo com o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Ibre/FGV, Aloisio Campelo, há um aprofundamento de uma tendência que já vinha sendo observada e com a desaceleração da indústria ao longo do ano "alguns segmentos que já seguraram bastante mostram a tendência de desmobilizar mão de obra", afirmou.
Segundo Campelo, com a piora da situação da indústria de espalhando, a percepção da necessidade de ajuste do quadro de funcionários pode se estender ao longo do próximo trimestre. Questionado se há um sinal amarelo para o emprego da indústria, o economista ponderou que "tecnicamente não podemos falar em desemprego, mas há um sinal claro de que hoje as indústrias têm postura de desmobilização da mão de obra", reforçou.
Setores
Entre os setores que se mostraram mais propensos a desligar do que contratar funcionários, estão: Metalurgia, Mecânica, Material de Transporte, Mobiliário, Química, Produtos de matérias plásticas, Têxtil, Vestuário e Calçados.
Campelo destacou que no caso da metalurgia o indicador está "péssimo". "Estamos com 70 pontos, ou seja, temos 30 pontos porcentuais a mais de empresas dizendo que o quadro de funcionários vai diminuir", explicou. De acordo com o levantamento de junho, nenhuma empresa do segmento prevê contratações enquanto 30 delas tendem a reduzir o número de funcionários.
Segundo o economista, a tendência, assim como os demais indicadores de confiança, não é de melhora no curto prazo. "O indicador de emprego previsto pode até melhorar um pouco, mas dizer que a indústria pode voltar a contratar já é demais", finalizou