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A importância dos cuidados com a imagem profissional

A construção da imagem profissional não depende de episódios isolados.

Para muitos brasileiros, o bom comportamento parece receber uma folga em tempos de exageros carnavalescos, na maioria das vezes sem grandes consequências. Se o descuido com a boa imagem ganha um passe livre nesses quatro dias de feriadão, durante o expediente nas organizações, há bem menos espaço para os escorregões.

A construção da imagem profissional não depende de episódios isolados. De acordo com diz a gerente de orientação de carreira da empresa Cia de Talentos e DMRH, Bruna Tokunaga Dias, as reputações de carreira são baseadas em um conjunto de ações e posturas consideradas pelo mercado a partir do momento em que a pessoa se direciona para o mundo do trabalho por meio de cursos de qualificação e graduações. “O seu colega de faculdade pode trabalhar com você no futuro.”

É no dia a dia, porém, que as marcas mais fortes das percepções se determinam. Segundo o coach Homero Reis, as imagens profissionais são construídas sobre três pilares de conduta: responsabilidade, competência e ética. “Você mantém uma reputação ilibada pelo que se compromete, atendendo requisitos de qualidade. Por ter uma vontade imensa de agradar, muitos prometem o que não podem cumprir e acabam trocando os pés pelas mãos”, diz.

A vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional), Elaine Saad, destaca os erros recorrentes durante o exercício das atividades como as principais fontes de problemas na esfera técnica, mais importantes até do que o grau de eficiência.

Quando o assunto vai para a esfera comportamental, há uma complexidade maior, na opinião de Elaine. “Nesse sentido, é preciso fazer uma separação por cultura organizacional. Algumas, por exemplo, aceitam melhor os comportamentos rudes do que outras”, diz. A dica para evitar gafes é observar as escolhas dos profissionais mais valorizados pela organização.

Ainda que tenham efeitos relativos, algumas ações costumam não ser bem-vindas nas companhias, de acordo com os especialistas. Usar sem moderação impressoras e telefones, falar alto e vestir-se de maneira inadequada ante o contexto são alguns dos principais erros cometidos pelos profissionais. Outras falhas crescentes seriam a utilização indevida dos celulares no expediente, inclusive reuniões, e as críticas nas redes sociais envolvendo o trabalho, além das descuidadas reclamações nos elevadores, cafés e bares nos happy hours.

Fatores externos também podem interferir na imagem profissional. “Muitas vezes, pessoas trabalham em organizações conhecidas por alguma característica forte e acabam sendo associadas às empresas”, diz a responsável pela Coordenadoria de Estágios e Colocação Profissional da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), Beatriz Braga.

Por outro lado, ela ressalta que nem sempre a imagem cultivada pelos indivíduos corresponde à que colegas, chefes e subordinados fazem sobre elas. “Não deveríamos ter surpresas em relação aos que os outros pensam sobre nós. E não adianta tentar parecer um executivo supereficiente se não houver substância”, explica.

Estabelecer pontos de verificação entre a autoimagem e a reputação externa pode ajudar na correção de rotas quando necessário. As estratégias podem incluir de feedbacks a questionamentos ítimos: “Pergunte para si: qual é a primeira impressão que os outros geralmente têm de mim? O que as pessoas que não vejo há muito tempo sabem sobre a minha vida pelas redes sociais?”, diz a gerente de orientação de carreira da Cia de Talentos e DMRH.

Se ruins, as reputações podem ser recuperadas, mas o processo de mudança de entendimento é lento e difícil segundo especialistas, porque depende do esforço dos indivíduos e da compreensão dos seus pares. “Tudo o que faz parte integrante de uma conduta adequada não é lembrada porque é pressuposto. Mas o contrario é lembrado”, diz Homero Reis.

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