Mercado reduz previsão para inflação e eleva a de juros

Documento semanal publicado ontem pelo Banco Central, o relatório Focus, mostra que os principais analistas econômicos do país aumentaram a aposta de que a taxa básica de juros subirá.

Na média, as previsões mais recentes são de que a Selic vai chegar a 11,25% neste ano e 12% em 2015. Há um mês, as previsões eram de 10,5% e 11,25%.

O movimento preocupa a equipe econômica, porque influencia na definição dos preços cobrados hoje nos empréstimos contratados pelos bancos.

As cúpulas do BC e do Ministério da Fazenda, que vêm acompanhando diariamente o mercado, detectaram altas nos contratos no mercado futuro de juros com vencimento em janeiro de 2015.

Os analistas previram juros ainda mais alto mesmo com perspectivas de uma alta menor da inflação.

A projeção para o IPCA (inflação oficial) caiu bastante da semana passada para esta, passando de 6% para 5,89% ainda longe do centro da meta, de 4,5%.

Para economistas, a alta recente na expectativa dos juros pode refletir a preocupação de que a alta do câmbio pressione os preços, levando o BC a aumentar a Selic.

Consultorias avaliam também que, como juros mais altos desaquecem a economia, a consequência deve ser novas revisões para o crescimento do PIB no futuro.

"Juros mais altos, não tem como, vão bater no crescimento", indica a economista da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro.

Em um mês, as previsões para o PIB deste ano caíram de 2,20% para 1,91%.

"É possível que caia mais um pouco, chegue mais próxima de 1,80%", prevê o economista-chefe da consultoria Concórdia, Flavio Combat.

As expectativas, colhidas semanalmente pelo Banco Central, seguem a mudança no cenário econômico mundial, em que investidores têm levado para outros países, principalmente os EUA, recursos que vinham aplicando em países emergentes.

O comitê que define a trajetória dos juros no país (Copom) tem reunião prevista para o final deste mês.